Por que a Marcação a Mercado (MTM) é Essencial na Governança da Gestão de Riscos
- Vinicius Lage

- 16 de out.
- 2 min de leitura
A marcação a mercado (mark-to-market, MTM) é a prática de reavaliar diariamente ativos e passivos financeiros pelo preço corrente de mercado. No agronegócio — onde derivativos e exposições físicas convivem com alta volatilidade — a MTM é peça central da governança financeira porque:
traz transparência imediata sobre exposições e resultados;
permite controle de riscos (variação de margem, necessidade de colateral, limites);
viabiliza decisões tempestivas (ajuste de hedge, renegociação de contratos);
é requisito operacional e contábil para compliance (IFRS 9/CPC 48, IFRS 13; exigências de BACEN/CVM).
Sem marcação a mercado, empresas correm risco de ter perdas “ocultas”, problemas de liquidez por falta de previsão de chamadas de margem e fragilidade perante auditores, financiadores e reguladores.

O que é, tecnicamente, marcação a mercado?
Marcação a mercado é o processo de atualizar, com base em preços de mercado observáveis, o valor de:
contratos futuros e opções negociados em bolsa;
instrumentos OTC (quando aplicável, usando preços de contrapartes ou modelos com inputs observáveis);
instrumentos financeiros usados para hedge (swaps, forwards).
A MTM produz dois outputs críticos: (i) P&L diário (variação de valor realizada/não-realizada) e (ii) saldo de margem/colateral (variation margin).
Marcação a mercado e contabilidade: regras e impactos
IFRS 9 / CPC 48 exige classificação e mensuração adequada de instrumentos financeiros.
IFRS 13 (Fair Value Measurement) define a hierarquia de inputs (Level 1/2/3).
No fair value hedge, variações entram no resultado (P&L).
No cash flow hedge, variações podem ser reconhecidas em OCI, reduzindo volatilidade contábil.
Consequência prática: a MTM pode gerar volatilidade contábil diária, mas permite mostrar a exposição real e justificar ajustes antes que perdas se consolidem.
Exemplo prático
Cenário: empresa faz hedge vendendo futuros de soja a R$ 120/saca para 10.000 sacas. Preço cai para R$ 110/saca.
Estoque físico: perda de R$ 100.000.
Futuros vendidos: ganho de R$ 100.000.
Resultado líquido = zero → hedge efetivo.
Embora líquido neutro, a empresa precisa reconhecer ganho no futuro e perda no físico via MTM diário, e estar preparada para chamadas de margem em caso de movimentos adversos.
Sistemas e automação
Sistemas modernos de CTRM/ETRM permitem cálculo automático de MTM e relatórios de exposição em tempo real.
Plataformas especializadas, como a Agroboard, já oferecem marcação a mercado diário automatizada, conciliando posições físicas e financeiras com relatórios em conformidade com IFRS 9 e BACEN. Essa automação reduz risco operacional, elimina retrabalho e fortalece a governança.
Recomendações práticas
Política e governança: definir política de MTM aprovada por Comitê de Riscos.
Fontes de preços: priorizar preços Level 1 (bolsas) com fallback documentado.
Automação: integrar sistemas (ex.: Agroboard) para cálculo automático.
Hedge accounting: documentar relações de hedge e testes de efetividade.
Stress tests: simular variações de preços e impacto em chamadas de margem.
Considerações de risco
Volatilidade contábil: resultados diários podem oscilar fortemente.
Risco de liquidez: chamadas de margem podem pressionar caixa.
Basis risk: hedge imperfeito pode deixar perdas residuais.
Model risk: instrumentos não cotados dependem de modelos robustos.
Próximos passos
Mapear exposições físicas e financeiras.
Selecionar plataforma de gestão de riscos (ex.: Agroboard) para centralizar MTM.
Implementar reconciliação diária entre front/middle/back office.
Treinar equipe de risco e contabilidade para interpretar relatórios MTM.
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