Gestão de Riscos Integrada: físico e financeiro em um só lugar
- Vinicius Lage

- 23 de out.
- 2 min de leitura
No agronegócio, é comum que as empresas tratem separadamente suas posições físicas — como estoques, contratos de compra e venda e logística — e suas posições financeiras, representadas por derivativos, operações de hedge, crédito e fluxo de caixa. Essa fragmentação gera um problema estrutural: a ausência de uma visão consolidada do risco.
Quando físico e financeiro não conversam, gestores passam a operar com informações incompletas. Isso pode resultar em erros graves, como um sobre-hedge (proteção maior que a exposição real) ou um under-hedge (proteção insuficiente). Além disso, diferentes áreas da empresa podem produzir relatórios divergentes, desperdiçando tempo em reconciliações manuais e enfraquecendo a governança.

Um exemplo prático de sobreposição de riscos
Imagine uma cooperativa com 1 milhão de sacas de soja a serem comercializadas. O controle de estoque registra 800 mil sacas disponíveis, o setor comercial possui contratos firmados de venda futura de mais 200 mil sacas e o setor financeiro tem registrado hedge de 600 mil sacas em derivativos.
Na prática, ao consolidar essas informações, percebe-se que a cooperativa está sobre-hedgeada em 600 mil sacas — uma exposição que não encontra lastro físico correspondente. Esse tipo de erro só é identificado quando físico e financeiro são integrados, e pode resultar em perdas financeiras e distorções contábeis se passar despercebido.
A gestão de riscos integrada como solução
A integração surge para eliminar esse problema, consolidando em uma única base de dados todas as informações sobre contratos físicos, derivativos, estoques e fluxos financeiros. Com a gestão de riscos integrada, a empresa enxerga sua exposição líquida em tempo real, o que permite agir de forma preventiva e estratégica.
Essa integração não é apenas uma questão de eficiência, mas também de compliance e governança. Reguladores como o BACEN e a CVM demandam transparência crescente nos relatórios, enquanto auditores independentes exigem consistência entre as áreas. Uma gestão fragmentada já não atende a esses requisitos.
O papel da tecnologia na integração físico-financeiro
No passado, a integração era inviável. Cada setor operava com sua própria planilha e as reconciliações levavam dias, aumentando a chance de erros. Hoje, com plataformas digitais, o processo pode ser totalmente automatizado.
A Agroboard é um exemplo de solução que permite integrar físico e financeiro em um só lugar. O sistema cruza contratos físicos e derivativos, calcula automaticamente indicadores como hedge ratio e Value at Risk, e gera relatórios em conformidade com normas contábeis e regulatórias. Além disso, sua estrutura em nuvem garante centralização de dados, elimina retrabalho e aumenta a agilidade nas decisões.
A importância da mudança cultural
Tecnologia sozinha não resolve. A gestão integrada exige também uma mudança cultural dentro das empresas. Produção, logística, tesouraria e contabilidade precisam abandonar silos de informação e trabalhar sobre a mesma base de dados. Quando esse alinhamento acontece, as divergências desaparecem e a governança se fortalece.
O resultado é um sistema de gestão que não só protege a empresa contra riscos de mercado, mas também amplia sua vantagem competitiva: maior acesso a crédito, negociações mais eficientes com contrapartes e resiliência frente a choques externos.
Conclusão
A gestão de riscos integrada é hoje uma necessidade, não apenas uma evolução natural. Empresas que consolidam físico e financeiro reduzem riscos, ganham transparência e criam uma governança sólida. E ao adotar soluções digitais como a Agroboard, tornam esse processo escalável, seguro e capaz de sustentar decisões estratégicas em tempo real.
.png)




Comentários